Páginas

Redação Enem Vestibular 2018

Um grande literato já disse: organização é o pulo do gato para atingir o sucesso. Brincadeira, inventei essa frase agora, mas ela não deixa de ser correta.

Assim, se você quer arrasar no texto dissertativo, uma das primeiras coisas que deve aprender é a organizar e estruturar o seu texto. Não é difícil.

Como fazer a redação do Enem Passo a Passo


Primeiro, vamos entender como a dissertação funciona. Ela é dividida em três partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Missão Enem É Bom E Funciona

Introdução é a parte do texto em que se coloca a ideia-chave, o assunto da dissertação. A partir da ideia principal é que se desenvolve o resto do texto, onde você pode justificar e apresentar fatos que comprovem sua tese. Segredos da Redação Perfeita do Enem

Os parágrafos de desenvolvimento são os que vão fundamentar a tese indicada na introdução. É esse o momento de justificar, demonstrar, provar as declarações feitas no início.

Os parágrafos de desenvolvimento devem ser marcados pela encadeamento, ou seja, o texto dissertativo deve ser construído de forma que vá apresentando novos dados, claras e pertinentes.

Ou seja, nada de enrolação ou de repetição sem necessidade do que já foi dito!

Para facilitar sua argumentação, você pode separar o desenvolvimento de cada ideia em um parágrafo diferente.

Além disso, você precisa construir uma boa conclusão.

Desenvolvimento Além de apresentar fatos que fundamentem a sua dissertação, é importante que você também aponte argumentos contrários e que aponte porque, de acordo com a sua tese, eles não são verdadeiros. Afinal, dissertação não é um artigo de opinião, o que significa que as opiniões contrárias também devem ser consideradas.

Conclusão Parte final do investigação. Mas é preciso que uma coisa fique clara: terminar não é simplesmente “terminar” o texto.

Como fazer a conclusão da redação do Enem

A conclusão é feita de apreciações que confirmam os aspectos comentados nos parágrafos anteriores. É o momento de oferecer uma solução ou demonstrar algum tipo de expectativa em relação à sua tese e ao assunto como um todo.

Dicas para fazer a redação do Enem


Atenção: a conclusão não é o momento de levantar questionamentos que não tenham sido esclarecidos nos parágrafos argumentativos, portanto EVITE frases interrogativas.

Com essas instruções na cabeça, o segredo do planejamento da redação é já saber exatamente o que vai falar em cada parágrafo antes mesmo de iniciar o texto.

Além disso, compreender quantas linhas você vai ter para desenvolver cada argumento é absolutamente vital para você saber de quanto espaço dispõe para expor cada ideia. Preparamos um esquema básico ideal para uma redação dissertativa perfeita de 30 linhas.

Veja: Mas calma! Só porque colocamos aqui que é um esquema ideal, não significa que você precise seguir à risca as quantidades de linhas. Essa orientação é apenas para auxiliar quem estiver perdido e não souber bem quanto espaço utilizar para cada parte do texto.

Procedimentos anti-narrativos

Procedimentos anti-narrativos (e/ou que devem ser evitados no texto narrativo)

a) Sobre a progressão de ações: em vez de:

enredo desequilibrado (sem noção de ritmo), com problemas na sucessão de fatos (saltos ou acúmulos impertinentes)/enredo minucioso, detalhista, que não prenda o interesse do leitor;

é preciso:

criar uma seqüência expressiva de ações, com alterações significativas e desfechos não previsíveis, que sejam compatíveis com história narrada;

b) Sobre o conflito: em vez de:

conflito inexpressivo/desgastado/abandonado ou ausente; é preciso:

saber criá-lo com coerência e expressividade, articulando-o com os demais elementos narrativos;
c) Sobre os personagens: em vez de:

personagens mal caracterizados/inverossímeis/artificiais ou sem função para a inteligibilidade da história;

é preciso:

saber relacionar os elementos caracterizadores dos personagens e articulá-los de forma consistente com o conflito apresentado;

d) Sobre o foco narrativo: em vez de:

confundir as categorias autor e narrador/alterar o foco narrativo, sem objetivo específico;
é preciso:

adequar o foco narrativo à história narrada e aos personagens;

e) Sobre o espaço e o tempo: em vez de:

marcação temporal inexpressiva e desarticulada/marcação espacial meramente decorativa, sem integração com as mudanças temporais;



é preciso:

aproveitar adequadamente a funcionalidade de tais categorias para a fabulação, o que pressupõe o conhecimento da relação / tempo / espaço;

Leitura comentada de narrativa do Enem


Leitura Comentada

Tantas Mulheres

Descobrisse ela que a amava com tal fúria, estava perdido. A salvação era fugir e, com a desculpa da mãe doente, afastou-se alguns dias da cidade.
- Há tanto tempo, João!
- Pois é, mãe.
- Deixe-me vê-lo, meu filho. Você está um homem.
Encontrou o quarto arrumado, como no dia em que partira, havia quantos anos? Bebia sozinho nos bares, voltava de madrugada para casa.
- É você, meu filho?
- Durma bem, mãezinha.
Ganhar a paz na renúncia do amor. Éle, que era de gesto violento, não tinha coragem de arrancar a faca do coração? Ah, quanta vergonha na partida, em que havia ido às duas da manhã, debaixo de chuva, espiar a janela fechada. Nem sequer chovia - ele que chorava. Não enxugava a lágrima quente no olho, fria no canto da boca. Bem sabia por que dissera consigo quando o avião pousou: "Não se alegre, cara feia, você foi poupado para morte pior".
A mãe ali na porta:
- Meu filho, soube de uma coisa muito triste.
- Que é, mãe?
- Você gosta da mulher de outro. Verdade, João? São tristes os seus olhos.
- Iguais aos seus, mãe.
Bebia no gargalo, jogava paciência no quarto, lembrou-se de comprar escova de dente. Antes de vestir o paletó, enxergou a mosca sobre as cartas: "Há que matar essa bichinha". Depois de matá-la, poderia sair. Gentilmente a perseguiu: "mosca pelo nariz, a lágrima correu do olho", repetia com seus botões, "nariz da mosca é olho da lágrima" - e com o jornal dobrado esmagou a mosca.
"Era outra bichinha, não a mesma." Remoendo a dúvida, das dez da noite às duas da manhã, ainda sem paletó, quando passou pelo sono. "Que foi que me aconteceu" - interrogava-se. as mãos na cabeça - "a que ponto me degradei?"
Chegara a sua vez, fora apanhado. Pensava na amada, olho perdido num objeto qualquer, deixava de vê-lo e o coração latia no peito. Não havia perigo: que é o ato gracioso de beijar uma boca, qual a lembrança de uma noite? Sou um homem, com experiência da vida. Depois, encurralado no velho sofá de veludo, sem fugir dos olhos acesos a cada fósforo - e nunca mais beijar o pequeno seio como quem bebe água na concha da mão.
Chovia, ela aninhava-se nos seus braços, a face trêmula das gotas na vidraça. Cada gesto uma descoberta: a maneira de erguer o rosto para o beijo e de sorrir, aplacada, depois do beijo. Estendida nua entre as flores desbotadas do sofá: Eu não gastei de outro... Mentia, bem que ela mentia! Doente de amor. Quero você. Venha por cima de mim. Nunca mais livre do teu peso.
- Tenho de voltar, mãe.
- Não disse que ficava uma semana?
- Pois é, mãezinha.
- Por causa do emprego, meu filho?
- Assunto urgente. Um amigo me chama. Caso de vida ou morte. Não sei o que se passa comigo. Estou em aflição, tremo sem saber por quê. A senhora me ajude, mãe. Um mau-olhado estragou minha vida. Estranho e misterioso, não sei o que é. Sem ânimo para nada. Não durmo, não como, pouco falo. Quem sofre é a senhora. Sei que ficará preocupada, mas não deve. Que será isso, mãezinha? Desespero tão grande que tenho medo. Bem pode ser alguma muIher. Tantas passaram pela minha vida.


(Dalton Trevisan - Desastres do Amor - Rio de Janeiro, Record, 1979)


Comentários



Observe que neste conto de Dalton Trevisan há uma clara intersecção entre dois tempos: o tempo do agora da narração, em que o protagonista se afasta da mulher amada e vai visitar a mãe, e o tempo de que se lembra: os momentos de amor dos quais não consegue se libertar, mesmo sabendo que ela tem outro homem... Trata-se, assim, de um texto narrativo que exemplifica o enredo não-linear, por meio de flashbacks. Este recurso é próprio de sites como este aqui.





Nele o passado invade o presente pela força do amor, que inclusive não permite que o protagonista minta à mãe, no último parágrafo, como inicialmente tenta fazer.



Outro elemento interessante presente no texto, que merece atenção, é a linguagem condensada, quase telegráfica, com que o autor, também se utilizando de discurso indireto livre, encena o desespero de um homem violento, que se sente irremediavelmente apaixonado...



4 - Elementos constitutivos do texto narrativo



Além dos personagens e do enredo, que já estudamos, os elementos constitutivos da narrativa são o narrador - a voz que conta a história -, as circunstâncias de tempo e lugar - e, finalmente, a linguagem que, por ser o produto final do texto, a matéria-prima pela qual ele é tecido, engloba todos os demais.
Vamos visualizar tais elementos, a partir das perguntas que os compõem:



Comentários



Nem todos os elementos apresentados estão explicitados em todas as narrações.
É necessário, porém, que os consideremos, para escrevermos um texto narrativo que seja completo, em função de sua situação de produção.

Por meio de tal roteiro, você pode enumerar e selecionar os fatores que comporão o seu texto narrativo, procurando dar-lhe coerência, verossimilhança, unidade e expressividade, de forma que desperte a atenção e o interesse do leitor...

Por que devemos estudar gêneros textuais?

É preciso compreender cada gênero e seu funcionamento dentro dos sistemas e nas circunstâncias para as quais são produzidos. Taí compreensão ajudará o leitor e produtor de novos textos a satisfazer as necessidades da situação a que for exposto, esforçando-se para que sejam compreensíveis e correspondam às expectativas dos outros. O leitor também perceberá que determinados textos, até certo ponto bem escritos, são redundantes, incompletos, não funcionam. Compreenderá que mesmo bem escritos, alguns textos podem ser enganosos, não oficiais, com uma fina ironia inconveniente ou uma inovação fora de lugar.



Então, terá que decidir se realizará uma intervenção do tipo denúncia, do tipo exclusão, justificativa ou se apenas uma modificação, com indicação de quem a fez, é o suficiente.

Exemplificando: em casa, entre amigos, vocês tanto poderão selecionar um canal de TV quanto acessar a internet e localizar um site comercial, abrir o perfil de alguma rede social, procurar um livro na estante, folhear uma revista, etc. Os diferentes textos introduzidos nessas ações geram diversas atividades, padrões interativos, novas atitudes e relações. A escolha por um ou outro influenciará se irão comentar uma notícia, consultar o preço de um produto, conferir o endereço e o horário de funcionamento de alguma lanchonete, conversar, contar uma piada, sugerir a leitura de um livro interessante. Novas atividades de interação são continuamente proporcionadas até que uma outra seja introduzida ou o encontro de amigos seja encerrado.